Palmeiras e Botafogo se enfrentarão nas oitavas de final da Copa do Mundo de Clubes

A garantia da vaga nas oitavas de final de Copa do Mundo de Clubes deve ser celebrada por Palmeiras e Botafogo, obviamente, mas as circunstâncias em que a classificação aconteceu não podem ser ignoradas. Afinal de contas, na última rodada da fase de grupos, dificuldades inesperadas e atuações deficientes marcaram o desempenho dos rivais brasileiros, que na fase eliminatória vão levar para o patamar mundial os ânimos de um confronto que nos últimos anos se tornou célebre no futebol nacional e sul-americano. O duelo acontece no próximo sábado, às 13h, na Philadelphia.

Os cenários eram diferentes. No caso do Botafogo, em parte talvez seja possível creditar a pobre atuação do time de Renato Paiva ao fato de que jogava esperando o tempo passar, com o objetivo pragmático de segurar o Atlético de Madrid. Mas não foi exatamente bonito de ver: especialmente no segundo tempo, o Alvinegro foi totalmente envolvido pela equipe de Diego Simeone, que alugou a grande área botafoguense e por pouco não deu ares dramáticos ao desfecho da partida. Apesar das ressalvas, obter a classificação em um grupo com este nível de dificuldade é motivo para toda espécie de euforia -- a esta altura, o botafoguense mais sensato deve estar pendurado no lustre e confundindo Alexander Barboza com Franz Beckenbauer.

Contra o Inter Miami, a situação palmeirense transcorreu de forma preocupante. Durante praticamente todo o jogo, o time de Abel Ferreira teve imensas dificuldades para se defender e atacava de forma desorganizada e com desesperadora falta de criatividade. Saiu perdendo por 2 a 0 e poderia ter sofrido mais gols. A entrada de Paulinho, Allan e Maurício melhorou bastante a eficiência no ataque, mas o empate foi buscado na base da empolgação, sem qualquer estratégia, quase como um estouro de boiada pelas ruas de Miami.

É claro que não se pode ignorar a presença de Lionel Messi e Luisito Suárez. Se é verdade que o time de Miami é quase uma colônia de férias das estrelas, uma luxuosa antessala da aposentadoria, também é preciso dizer que dois gênios desse quilate, ainda que cercados de companheiros demasiado mortais, são capazes de elevar o futebol ao status de encanto. O que fez Suárez, já com os joelhos esfarelados e a silhueta rechonchuda, foi uma aula de como vestir a camisa 9, digna dos centroavantes históricos -- aqueles que acordam no meio da noite confundindo os lençóis com os barbantes.

Com a definição do confronto, um dilema se apresenta. Se ao mesmo tempo é possível lamentar a inevitável queda precoce de Botafogo ou Palmeiras, também não parece nada desprezível a garantia de um clube brasileiro nas quartas de final. E são dois clubes que, nos últimos anos, mostraram trabalhos consistentes e vencedores -- apontar um favorito seria presunção.

Na Copa do Mundo de Clubes, até aqui ambos já apresentaram suas melhores virtudes, mas também deixaram transparecer problemas que colocam suas torcidas de orelha em pé -- a incapacidade de impor volume de jogo dos alvinegros e a falta de contundência ofensiva alviverde, por exemplo. Fato é que Botafogo e Palmeiras se conhecem profundamente, e isso pode soar mais como uma ameaça mútua do que como esperança de sacar alguma inesperada carta da manga. Provavelmente será um jogo em que cada detalhe terá potencial para tomar grandes proporções.