A presidente da Associação Comunitária Quilombola de Pitombeira, localizada na zona rural do município de Várzea, Zuíla Santos, participou, na Assembleia Legislativa, de uma audiência pública que discutiu o Projeto de Lei n° 2061/2024, que trata da distância mínima para instalação de aerogeradores de energia eólica em relação a edificações de uso público, coletivo e privado.
O tema impacta diretamente o meio ambiente, a saúde e a qualidade de vida das pessoas. Zuíla, na tribuna do Plenário, falou um pouco sobre a realidade vivida em sua comunidade. "Em nosso quilombo não há parque eólico ou usina solar, mas somos próximos a Santa Luzia e já estamos sentindo o impacto. Já ouvi relatos de mães que têm seus filhos abalados, psicologicamente, pelo barulho das torres eólicas, aquele zumbido na noite e, no dia seguinte, não querem ir à escola, passando a tomar medicamentos para controlar esse transtorno. São impactos de uma energia que dizem que é limpa", disse Zuíla.
"Não somos contra a implantação dessas energias renováveis. O que estamos debatendo aqui é a maneiro como elas estão sendo implantadas. Saber que vai existir uma distância mínima das residências é muito bom, porque estão colocando torres nos quintais, fazendo até sombra sobre as casas, com ruídos insuportáveis. Até os animais estão sofrendo com os impactos causados. Agricultores sendo forçados a deixar sua terra para dar espaço à instalação de uma torre", desabafou a presidente.
Zuíla ainda falou que só quem defende o mecanismo de instalação atual das energias renováveis são os latifundiários que nem na zona rural residem, e, por isso, não estão nem aí para os impactos.
Ainda na audiência, foram pontuados outros impactos negativos causados pela instalação de parques eólicos. Entre eles, está o aumento da carga de trabalho doméstico para mulheres, em razão da sujeira (pó) levada às casas pelos aerogeradores. Outra grande preocupação é a destruição dos resíduos da agricultura familiar.
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