“Cidade ruim do cão”: quando vamos valorizar o que é nosso?
Ronaldo Magella
A Paraíba precisa valorizar os seus valores, a sua gente, o seu povo, a sua cultura, os seus espaços e a sua identidade.
Um cantor, de uma banda de forró, após show na cidade de Coxixola, menosprezou a cidade, afirmando, “Cidade ruim do cão”, vídeo que circulou na redes sociais e casou polêmica na região do Cariri Paraibano.
A falta de respeito e educação do cantor diz mais sobre ele do que sobre a gente, no entanto, a nossa responsabilidade é outra, por qual motivo valorizamos mais aquilo que vem de fora, do que aquilo já é nosso, nos pertence, os nossos valores, as nossas riquezas, a nossa cultura, a nossa identidade?
Será que a Paraíba, com tantos talentos, Chico César, Elba Ramalho, Zé Ramalho, Seu Pereira, Flávio José, Os Três do Nordeste, Magníficos, Forró D2, Kátia de França, Escurinho, Os Nonatos, Os Gonzagas, precisa mesmo importar outros artistas e atrações?
Sem falar nos recursos dispensados que vão embora do Estado, das cidades, da população, pois quando se investe num artista local, da terra, o resultado é um investimento na própria cidade, região, área.
Claro, o sucesso é o que move a roda, que faz o mundo girar, se quer agradar ao povo, o povo quer o que se está na moda, que conhece, e o povo, nessas horas, é importante, quando se quer agradar.
Um caminho, acredito, será a própria valorização da Cultura da Paraíba, dos seus artistas e do seu próprio movimento interno, tornar visível, conhecido, pertencido, experimentado.
O Botafogo foi campeão da Copa Libertadores, do Brasileiro, e a frase do título foi, “ano passado eu morri, mas esse ano eu não morro”, da música do Belchior, Sujeito de Sorte, mas, o trecho é do poeta da Paraíba, Zé Limeira, o poeta do absurdo.
Paraíba, olhai para si, para o teu povo, para os teus valores, para a tua gente, para a cultura, para ti.
@ronaldo.magella
Professor, jornalista, escritor
Autor de oito livros.
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